À sombra do alguém no Muro

Publicado em 19 de fevereiro de 2019

Gostaria de saber aonde você compra teu Lingerie,
qual alimento lhe faz soluçar mais vezes.
Neste último semestre, depois que as luzes foram
apagadas, choras ainda na suíte com seu copo de raízes na mão
cansada?
Arreganhas teu sorriso inapropriado
como término de discursos maçantes:
o rufar não é inapropriado assim então.
E o que mais te revela consoante,
sob camadas e camadas e camadas
de imposições, base, cortesias discretas
é teu olhar que forma paisagem.
Pensas que ele é livre?
mais preso a teus pensamentos
são as cenas que capturam teu olhar.
Sem barreira que erra (imaginas?)
Teu mundo te revelou num cubo de tijolos brancos
Sei que neste ultimo inverno teu colibri
abandonaste teu vestido
e teu êxtase termina com um copo plástico
jogado na calçada alheia.
Alimentas as crianças
lembrando do homem que te olhou
encostado no pilar da praça.
de quem era o desejo?
havia desejo, asco, fogo, secura…?
A poeira permanece em segredos
mas a sensação do ar mais pesado,
o transbordar de papeis inúteis
dos sujeitos que se acham sujeitos
a pandega que sustentas
até antes de tirar a roupa
entrar na água e conversar contigo
olhos fechados e querer que chova.
Ontem em te era noite
percebi em tuas unhas
na aurora teu perfume anunciava-me
tua nítida ausência comungada
amanheces, amanheces, amanhasses
e os matizes promissores pecam,
admitem que nunca iras decidir,
ou que já decidiu em não decidir
e conjuntamente,
sem ligações
como o vinho a conquistar o pano
aceitas
(solidão)
um mar aberto
a adentrar tua vida
tua vida inteira.

Flávio Martins Siqueira
EX-ALUNO FDCL

Compartilhar

Acesso Acadêmico

Tamanho texto
Contraste