Publicado em 15 de maio de 2019
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No último dia 09 de maio, a Faculdade de Direito de Conselheiro Lafaiete realizou evento com o Cientista Político italiano Adriano Gianturco, que vem se firmando como um dos maiores nomes do liberalismo no Brasil.
Autor do Manual “A Ciência da Política” e do livro “O empreendedorismo de Israel Kirzner”, Adriano Gianturco é PhD em Teoria Política e Econômica (Universitá di Genova), Mestre em Relações Internacionais (Universitá di Torino), Bacharel em Ciência Política e Relações Internacionais (Universitá Roma Tre) e, atualmente, coordena o curso de Relações Internacionais do IBMEC/MG.
O evento foi gratuito e contou com a participação de quase 500 (quinhentas) pessoas que vieram prestigiar o palestrante, que ficou nacionalmente conhecido como “O Homem Mais Aplaudido que Sérgio Moro”, após participar do Fórum da Liberdade em 2018, quando palestrou ao lado do ex-juiz e atual Ministro da Justiça.
No evento realizado no Teatro da FDCL, Adriano chegou a ser aplaudido de pé por muitos dos presentes que acompanharam atentamente a palestra sobre como funciona a Política.
Antes de subir ao palco, Gianturco conversou com nossa equipe a fim de explicar um pouco sobre a ciência política que, segundo ele, “é uma disciplina muito analítica e descreve como a política funciona de fato, o que acaba chocando os leigos.”
Para ele, “descrever a política implica em descrever os políticos, que são pessoas normais, de carne e osso, com todos os defeitos e qualidades de outros seres humanos. São pessoas que têm interesses, desejos individuais e que, obviamente, como qualquer outro ser humano em outras esferas, tendem a maximizar seus próprios interesses. Os políticos tendem a querer ganhar as eleições, a se reelegerem, a querer fazer carreira, a virar ministro, passar do âmbito municipal, para o estadual, federal e, depois se tornarem governadores, presidente, etc.”
Como é a avaliação que o senhor faz do atual cenário político pelo qual o Brasil está passando?
Bom, estamos numa transição ainda. O Brasil esteve mais ou menos 14 anos de um lado, com governos diferentes, mas de ideologias próximas. Agora precisa arrumar a casa. Há muitas expectativas, muitas urgências, emergências econômicas, etc. A dificuldade é que, por um lado, a população entendeu algumas questões, entendeu que, querendo ou não, precisa cortar gastos de algum lado. Agora o debate é de onde se deve cortar, uma vez que o “cobertor está curto” e precisamos fazer a faxina de alguma forma. Se isso vai ser feito e como vai ser feito, aí é questão da política mesmo.
Na sua opinião, qual a importância dos setores da educação? Qual a importância de eventos como este que está acontecendo aqui na FDCL, que é uma Faculdade que insere a disciplina de Ciência Política na grade curricular?
Por um lado a importância é muita, mas o que acontece aqui no Brasil não é normal no resto do mundo. Raramente se ensina questões políticas no ensino médio ou para crianças. Isso não acontece no resto do mundo. Disciplinas de humanas, ainda mais em cursos técnicos – e ainda mais com a forte politização que há aqui – está longe de ser normal no resto do mundo. Isso simplesmente não acontece. Os alunos de ensino médio estudam e ponto. Não há debate, opiniões etc, até porque não tem como jovens opinarem sobre algo que ainda não conhecem. Mas no âmbito universitário a coisa é diferente. Quem escolhe a área tem discussões muito relevantes. O que eu sempre falo é que no Brasil se estuda muita “Filosofia Política”, que trata da política como ela deveria ser. É claro que a Filosofia também é uma disciplina importante, mas, primeiro, deve se estudar ciência política, que trata da política como ela é. Funciona mais ou menos como na medicina: antes de você sair por aí dando o medicamento para o paciente, é necessário fazer o diagnóstico. É isso que a ciência política faz. Ela busca entender como a política funciona, faz o diagnóstico.